segunda-feira, 5 de maio de 2008

Se existissem lá flores...

Se existissem lá flores e desimpedidas fossem,
eu as colheria e por elas me apaixonava.
Com elas podia plantar um jardim.
E que enchesse, e crescesse, e existisse uma agradável paisagem,
e na raiz da mais bonita eu me encontrasse.


Cheirei uma rosa e seu aroma persistiu em mim,
cheirei um cravo e o cravo fez-se rosa.
Plantei-o noutro jardim e o jardim converteu-se num rosal,
e os arbustos do pinhal, e os seus pinheiros fizeram-se rosas,
e da cor das rosas se tornou a abelha
que poisou para se alimentar,
e céu e a terra exalam todo o cheiro que pairava em mim.


Maldito seja quem enviou o fruto para o outro lado.
Um fruto, uns brincos dourados e um punhal de bronze.
Procuraram eles na espera de encontrar o punhal,
e elas procuraram na esperança de encontrar os brincos,
e procuraram, procuraram os pequenos na espera incessante de encontrar o fruto.

Abscindir o Sofrimento

Como todos sabemos, aquele dia da revolução, foi talvez, o dia mais feliz da vida dos portugueses com mais de 50 anos. Aqueles intrépidos soldados que mudaram a vida de muitas pessoas naquele dia brilhante, são agora os que ainda estão vivos, condecorados pela sua valentia de terem conseguido derrubar a politica rançosa que se fazia sentir. Grandes homens foram e agora pequenos homens são, pois os grandes organizadores são relembrados sempre que se passa nesta data, enquanto que o pequeno soldado não é relembrado. Ambos fizeram parte desta revolução, e nós nos dias de hoje estamos-lhes gratos por isso. Somos pessoas livres de opressões terríveis, por parte de um maluco qualquer que tinha a mania do poder. Tanto poder tinha que acabou por ficar perturbado após dar uma queda de uma cadeira. Cómico. Suponho que sabe de quem estou a falar. António de Oliveira Salazar, reconhecidos por alguns como um grande homem e por outros como um cão mal cheiroso que apareceu para assolar a vida a muitos que defendiam o interesse do povo. Já ouviu falar em censura? Claro que já! Aquela coisa que nos proíbe de dizer aquilo que bem nos apetece, que nos aprisiona os pensamentos da nossa mente, sem que se possam soltar. Sim, Salazar também nos fez ultrapassar uma grande crise, mas era obvio que tanto poder só podia dar em maluqueira de dominador. Quero eu dizer com isto que, o poder lhe subiu à cabeça, e que o receio de perder este poder era demasiado alto para se dispensar a opressão.
Enfim, grandes homens fazem grandes feitos, mas também nos provocam grandes desfeitas, pois o que se espera deles não é exactamente o que vão fazer.